O suspense brasileiro “O Juízo”, com Fernanda Montenegro e Lima Duarte
Nesta quinta-feira (05) estreia “O Juízo”, mais um longa brasileiro de suspense, que vem em meio a uma leva grande de filmes deste gênero no país. Porém, este tem algo especial, um tempero brasileiro que dá o tom. O roteiro de Fernanda Torres conta a trama de uma dívida histórica de uma família rica dona de um casarão, que assassina uma outra família, de pessoas escravizadas. A dívida do filme se trata de uma questão pontual mal resolvida entre essa família, mas dá margem para pensamentos mais abrangentes, da dívida histórica de toda a sociedade brasileira com a comunidade negra escravizada por centenas de anos.
Em “O Juízo”, uma família volta a uma casa antiga da família, no interior do estado do Rio de Janeiro, que era uma das paradas do caminho do ouro até Paraty. A mudança é feita para que Guto (Felipe Camargo) se isole para tentar se livrar de seu vício em álcool, e leva consigo a esposa Tereza (Carol Castro) e o filho, Marinho (Joaquim Torres Waddington, filho de Fernanda Torres com o diretor Andrucha Waddington). E nada mais sabemos dessa família.
Guto se vê então envolto a uma dívida do passado, criada por um antepassado dono da fazenda, chamada Raposão, que vem sendo cobrada há gerações. Os fantasmas deste passado retornam nas figuras de Couraça (Criolo) e Ana (Kênia Bárbara), que, geração após geração, cobram esta dívida, fruto de muito racismo e ganância.
A direção de fotografia sensacional é de Azul Serra (“O Nome da Morte” e “Aos Teus Olhos”), que faz muito uso de imagens de drones para capturar a sensação de isolamento que a fazenda trás. Essa sensação é essencial para a construção da tensão pretendida pelo diretor Andrucha Waddington (“Chacrinha”). Ainda que venha nesta onda de estreias do gênero de suspense no Brasil, “O Juízo” teve seu roteiro escrito em 2012 e foi rodado em 2016, antes desta leva. Cacá Diegues é produtor associado de “O Juízo”, que tem ainda participações ilustres no elenco, como Fernanda Montenegro e Lima Duarte. A classificação indicativa é de 14 anos.