Comédia brasileira “Bate Coração” defende doação de órgãos
Com um roteiro bem didático em defesa da doação de órgãos, estreou no último dia 07 de novembro “Bate Coração”, comédia brasileira baseada nas peças teatrais “Acredite, um espírito baixou em mim” e “O coração safado”, do dramaturgo Ronaldo Ciambroni.
No longa, Isa (Aramis Trindade) é uma travesti que, depois de um ataque homofóbico em que tenta defender uma amiga, sofre um acidente e morre. Enquanto isso, na mesma noite, o mulherengo Sandro (André Bankoff) sofre um infarto durante uma festa e é salvo pela doação do coração de Isa.
Sandro começa a apresentar comportamentos estranhos, como se restasse nele alguma coisa de Isa. Esta é uma premissa extremamente complicada, por mais que o filme tente esclarecer isso da melhor forma, porque pode gerar o pensamento de que um órgão doado leva consigo as características da pessoa que doou, o que é incerto e forma uma série de preconceitos. Com uma pegada espírita, a trama explica que não tem relação com o transplante em si, mas com a negação de Isa em ir para o outro plano, mas às vezes isso não fica tão claro e pode causar certo preconceito com a doação de órgãos.
Mais um problema é que, por mais que tente se retratar ao final, “Bate Coração” reforça vários estereótipos e preconceitos. Porém, um dos melhores aspectos na tentativa de se redimir de tanto preconceito que se usou é quando coloca Davi (Brenno Leone), um menino heterossexual, para fazer uma apresentação como drag queen, mesmo que sem muito jeito.
Todo o longa é meio exagerado e simplista, não fugindo do que a comédia brasileira tradicional entrega há tantos anos. Trata de fato de um tema ainda não muito retratado em produções brasileiras, mas não mostra todo seu potencial nem como forma de conscientização nem como entretenimento. “Bate Coração” tem direção do cearense Glauber Filho.