#Comunicóculos - Morte e Redes Sociais
Trechos:
- "A certeza mais absoluta de todo o ser humano ao encontrar o mundo é que a sua vida caminhará inexoravelmente para um fim. Entre o início e o fim, entretanto, há toda uma trajetória marcada por afetações, coisas que nos deixam marcas, algumas das quais permanecem teimando em nossas lembranças. Passagens da vida que vivemos e que revelam afetos e emoções que vão nos construindo em redes de relação com o outro, que fazem da vida um lugar de afetações. Mas, sobretudo, produzem uma existência mais feliz"
- "Por fim, mostra também como hoje a morte midiatizada continua sendo um investimento coletivo derivado da esperança na vida. Morrer lentamente, apagar gradualmente, acostumar-se com a significação de um fim que não sabemos de fato o que significa são formas de presumir e experimentar a morte. A tentativa é fazer durar o que não pode perdurar. Construir, enfim, uma existência virtual para quem foi apartado abruptamente do mundo. Diminuir a ausência, a dor, transcender a vida. Sonhos humanos imemoriais que continuam perdurando nos formatos midiáticos contemporâneos"
- "Transformar corpos digitais, como diz a autora, em carne é o desejo último do ato comunicacional".
- "Como cada página nessas redes geralmente é individual e só quem tem o login e a senha de acesso é o próprio usuário, quando ele morre no espaço real, seu 'corpo digital' continua circulando no espaço"
- "Os homens são os únicos animais que tem consciência da sua própria morte"
- "A cultura ocidental não incorpora a morte como parte da vida, mas como castigo ou punição".
- "A história também nos mostra que pouco a pouco a Igreja se encarregou dos mortos".
- "Segundo Vincent, a partir do momento em que a história vivida se tornou cumulativa, em que o homem pode duplicar a acumulação dos bens que possuía, bem como o tempo de seu usufruto graças ao prolongamento de sua vida, a incapacidade de eliminar a morte passou a ser vista como um fracasso de seu conhecimento e poder: a morte tornou-se uma grande obscenidade"
- "A necessidade de uma comunicação permanente é própria do homem que deseja não apenas possuir a leveza da imaterialidade, mas o eterno presente, a infinitude, desejando, assim, viver em um tempo total, um 'tempo sonho', que poderia ser encontrado, em certa medida, nas comunidades virtuais da internet"