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Um elogio à leitura em “Sobre a Leitura”, de Marcel Proust


Todos já sabem que aqui neste blog nós amamos livros e tudo relacionado a eles. Foi seguindo este caminho que eu cheguei até “Sobre a Leitura”, de Marcel Proust. Esta obra funcionou como prefácio do livro “Sésame et les Lys”, de John Ruskin, citado algumas vezes no texto. O ensaio, de 1905, era inédito até 2003 no Brasil, quando foi publicado sozinho, independente da obra de Ruskin.

“Sobre a Leitura” é anterior à obra-prima de Proust, “Em Busca do Tempo Perdido” e nos mostra um verdadeiro elogio à leitura. No início da obra, ao falar de seu relacionamento com os livros desde a infância, imaginamos um pequeno Marcel, leitor voraz, em que cada momento em que tinha que fazer outra coisa que não fosse ler, era quase como uma tortura. Ainda assim, suas leituras eram constantemente interrompidas pelos adultos para fazer coisas ao ar livre, de criança, enquanto ele só queria voltar a ler.

Ele fala de como as leituras das nossas infâncias nos lembram os lugares que estávamos quando as fizemos e como que, com essas leituras, lembramos momentos das nossas vidas. Esta colocação faz todo sentido, pelo menos para mim. Eu muitas vezes associo o momento que estou vivendo e o lugar onde estava com a leitura de determinados livros, por isso, talvez, minha relação afetiva tão forte com alguns deles. Até os lugares da estante em que eu os guardo muitas vezes têm a ver com a relação que eu tive e tenho com eles. É um relacionamento que eu gosto de manter e algumas vezes até me impedem de me desfazer deles mesmo depois de anos. Bem apegada.

Como diz Proust, os amantes dos livros, mantêm com eles uma relação de amizade e ele faz até mesmo uma espécie de comparação do livro com um amigo. Mas nesta amizade não há as questões que há nas relações humanas, como os julgamentos e as necessidades. É uma “amizade pura e calma”, como Proust coloca. Dos livros não escondemos nenhum sentimento: rimos e choramos exatamente quando queremos.

O autor fala também de uma questão importante para os leitores: passamos dias acompanhando cada hora da vida dos personagens e de repente, ao final do livro, há um grande salto de tempo, um hiato, que nos causa um vazio. O que teria acontecido, quais os sentimentos dos personagens neste tempo todo? Isso sem contar, é claro, o vazio que também nos dá quando terminamos de ler uma obra com qual estávamos totalmente envolvidos.

Mesmo assim não desistimos e nos dia seguinte mesmo já estamos às voltas com outro livro, uma nova história e novos personagens. “Sobre a Leitura” é um ensaio breve e gostoso de ler. Uma boa entrada para conhecer Marcel Proust e se deliciar com este elogio à leitura.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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