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“Corpo Delito” e a liberdade condicional no Brasil


cartaz corpo delito

Uma pesquisa divulgada hoje pelo Ministério da Justiça informa que a população carcerária do Brasil dobrou em 11 anos e é hoje a terceira maior do mundo. Nada que já não soubéssemos, mas essas informações ainda impressionam. Em meio a isso, estreou essa semana o documentário “Corpo delito”, de Pedro Rocha, que mostra um pouco da realidade de Ivan Silva, um homem com passado criminoso vivendo em liberdade condicional, com uma tornozeleira eletrônica.

Acompanhamos um pouco da vida e rotina de Ivan e sua família e amigos, que moram na periferia de Fortaleza. A vida dele na cadeia não era mesmo fácil. Quando vivia em regime semi-aberto trabalhava em na Fábrica-Escola, um projeto de ressocialização de presos em Fortaleza, onde ganhava 240 reais por mês. Além disso, vivia em uma cela de 9m², onde dormiam 12 homens. Ivan passa ainda por um julgamento por ter infringido algumas regras no uso da tornozeleira e passa por várias instâncias: Ministério Público, assistente social, psicóloga e, finalmente, o juiz, que define o que será da vida dele. Depois de passar oito anos na cadeia, o regime condicional, com a tornozeleira, parece uma espécie de prisão ainda e o diretor nos convida a sentir essa sensação de aprisionamento ao lado de Ivan.

Fora da cadeia, os amigos de Ivan levam "esculacho" policial com frequência, como é mostrado no filme. Em uma cena que me marcou muito, há uma batida policial durante uma festa e ninguém em volta parece se importar mais, a festa segue rolando, a música seguindo e as pessoas dançando. Mas na tomada seguinte, uma bela e triste imagem de um dos jovens enquadrados com um cigarro e o capuz nos impressiona e mostra que quem apanha dificilmente esquece.

O diretor Pedro Rocha participa também do coletivo de mídia livre Nigéria. Recentemente, assisti ao longa “Com Vandalismo”, sobre as manifestações de 2013 em Fortaleza. O filme foi co-dirigido por Pedro e está disponível no YouTube, onde já tem mais de 250 mil visualizações. “Corpo delito” fala sobre “um homem com um passado criminoso sobre quem todos formularão opiniões e julgamentos, ao mesmo tempo em que descobrirão que o desconhecem profundamente”, explica Pedro, que faz sua estreia no cinema com esse filme.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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